sábado, 19 de março de 2011

FALHAS E DEFEITOS

PRINCIPAIS FALHAS/DEFEITOS OCORRIDOS NA PELÍCULA DE UMA TINTA



Defeitos Comuns: Causas e Soluções.



O primeiro passo na solução de qualquer problema com relação á tintas é identificá-lo corretamente e, em seguida, determinar sua causa.
A seguir, veremos os principais defeitos ocorridos na película das tintas mais utilizadas na indústria. Estes defeitos estão presentes no item 6.5 (Película), da NORMA PETROBRAS N-13.
Meu foco é mais da parte operacional, ou seja, defeitos que ocorrem durante e no ato da aplicação. Mais a frente, quando me aprofundar do assunto, falarei com a visão voltada para o processo de formulação das tintas.




-CRATÉRAS: O ar encapsulado no produto, durante sua manufatura ou aplicação, pode acarretar no aparecimento de defeitos semelhantes à crateras ou pequenas bolhas no filme seco. Tais defeitos, além de prejudicar a aparência da tinta, podem gerar focos de corrosão, comprometendo a integridade da película.
No processo de aplicação, pode ocorrer devido à impregnação no substrato, com água/umidade, óleo, graxa, etc., ou quando não se respeita o intervalo mínimo para repintura, havendo uma retenção de solventes na película anterior.
No filme úmido, pode-se lavar o substrato com trapo umedecido em solvente, a fim de remover a tinta aplicada. No caso do filme seco, deve-se efetuar um lixamento, remover o pó e retocar a película.






-CASCA DE LARANJA (ORANGE PEEL): É identificado como irregularidade da superfície pintada lembrando o aspecto da casca de laranja, decorrente do pobre nivelamento do filme. Pode ser provocada por viscosidade excessiva ou também pela tensão superficial.




-DESCASCAMENTO

Descrição: Defeito causado pela perda de aderência da película seca, espontânea ou provocadamente

Sinônimo: Falta ou perda de aderência, descolamento, descapamento / Adhesion Failure (inglês)

Causas:

·       Contaminação da superfície principalmente por óleo, sal, graxa, água, umidade, etc
·       Tintas incompatíveis
·       Superfícies de difícil aderência (lisas, com pouca rugosidade) ou pela falta de um primer de aderência
·       Condensação no substrato
·       Aplicação de tinta sobre superfície não tratada

Reparo:

·       Remover por raspagem ou lixamento, toda a pintura frouxa e suspeita. Descontaminar rigorosamente e reaplicar e sistema de pintura total ou parcialmente, isto é, desde onde ocorrer o descolamento; se sobre o substrato (subpelicular) ou entre demãos (interpelicular)





-EMPOLAMENTO/BOLHAS

Descrição: Defeito estrutural da película, caracterizado pelo aparecimento de saliências que variam de tamanho e intensidade
Sinônimos: “Fervuras” (bolhas muito pequenas parecendo espuma)


Causas:

·       Formação gasosa cuja origem, geralmente, se deve a retenção de solvente, motivado por não respeitar o intervalo mínimo para repintura
·       Poliuretanos quando aplicados sob condições de alta umidade ou contaminados com aguá, tendem a apresentar esse defeito
·       Tintas que não resistem à imersão em água, como as alquídicas, formam bolhas úmidas, cheias de líquido


Reparo:

·       Raspar ou lixar, remover o pó e retocar





-ENRUGAMENTO

Descrição: Defeito que torna a pintura semelhante à superfície de um papelão ondulado e/ou conrrugado e é típico das tintas alquídicas ou óleo-resinosas

Sinônimo: Corrugamento / Wrinkling (inglês)

Causas:

·       Pode ocorrer quando não se respeita os intervalos para repintura
·       Pode ocorrer pela ação do solvente da demão anterior
·       Ocorre quando tinta aplicada com espessura excessiva; surgindo após secagem/cura

Reparo:

·       Remover a pintura defeituosa, limpar, raspar e repintar




-ESCORRIMENTO

Descrição: Defeito ocorrido durante a aplicação da pintura em formas de ondas ou gotas

Sinônimo: Descaimento / Runs or Sags (Inglês)


Causas: 

·       Aplicação excessiva de tinta
·       Excesso de diluição da tinta
·       Erro na proporção de medida para mistura em tintas com mais de 1 componente

Como reparar:

·       Remover ou espalhar, com trincha macia, o excesso de tinta, na película ainda úmida
·       Lixar, remover o pó e retocar, no filme seco (após secagem/cura)




-FENDIMENTO OU FENDILHAMENTO

Descrição: Pintura com rachaduras/trincas que podem chegar até o substrato

Sinônimo: Rachaduras, Craqueamento, “Jacaré” / Cracking (inglês)


Causas:

·       Ocorre quando se movimenta muito uma superfície (entorta)
·       Pode aparecer em pinturas velhas, muito expostas às intempéries
·       Inabilidade do pintor

Reparo:

·       “Derrubar” toda pintura trincada e repintar





-IMPREGNAÇÃO COM ABRASIVO E/OU MATERIAIS ESTRANHOS


Descrição: Inclusão de pêlos, fiapos, sujeira na película da tinta

Sinônimo: Impregnação de corpos estranhos / Blittness (inglês)


Causas:

·       Impregnação com materiais estranhos vindos do ar
·       Pintura realizada em superfície não bem tratada para aplicação
·       Tinta com presença de materiais sujos / tinta contaminada
·       Material usado para aplicação não limpos

Reparo:

·       Lixar, remover o pó e retocar (no filme seco)



-PULVERIZAÇÃO SECA OU PULVERIZAÇÃO EXCESSIVA

Descrição: Defeito estrutural da película decorrente da pulverização deficiente, de modo que as partículas não se aglutinem, resultando espaços intersticiais ou poros na película, com penetração do agentes corrosivos. O filme seco fica poroso, assim como uma lixa fina, mas ao passar dos dedos não sai pó, o que diferencia d Empoamento/Gizamento

Sinônimos: Overspray ou Dryspray


Causas:

·       Aplicação de tintas em superfícies com temperaturas elevadas
·       Distância incorreta da pistola em relação ao substrato na aplicação

Reparo:

·       Regular a pistola e aplicar outro passe, imediatamente, na película ainda úmida
·       Lixar, remover o pó e retocar, na película já seca








-SANGRAMENTO

Descrição: Migração da substância solúvel para as demãos superiores do revestimento, dando origem a manchas da cor da demão existente que apesar de estar seca, é ressolubilizada pelos solventes da demão subseqüente. Ocorrido em com trincha ou rolo
Sinônimo: Bleeding (inglês)



Causa:

·       Aplicação com rolo ou trincha, onde o pintor pressiona demais a trincha ou o rolo, assim fazendo com que a tinta já existente seja ressolubilizada pelos solventes da demão posterior, pelo movimento de vai-e-vem dos mesmos

Reparo:

·       Deixar a película secar e reaplicar uma demão com pistola




-CORROSÃO: Tema abordado no último post, o qual tem mais aprofundamento sobre o assunto, mas não posso deixar de citar, uma vez que se encontra presente na N-13.
Defeito da película onde se verifica reações de oxidação. Pode ocorrer devido a um perfil de rugosidade excessivo ou à espessura insuficiente, fazendo com que não haja retenção de tintas o suficiente para cobrir os picos no substrato, deixando-os expostos ao meio corrosivo, iniciando-se o processo de corrosão. Ocorre também quando não é feito a pintura de reforço (recorte ou stripe-coat) nos pontos de solda. Ou até mesmo por ação mecânica (danos mecânicos).









“Um serviço rápido e barato não é bom. Um serviço barato e bom não é rápido. Um serviço bom e rápido não é barato.”
                                                                                                            Jery J. Colahan – NACE, 2002.

quarta-feira, 16 de março de 2011

CORROSÃO

CORROSÃO



No último post, fiz uma breve citação do tema CORROSÃO, mas não fui tão a fundo. Portanto, estarei falando agora um pouco mais sobre o assunto, mostrando as pilhas de corrosão, os tipos de corrosão, os métodos de combate à corrosão, práticas de projeto, alguns ambientes corrosivos, etc.


Vamos ao conceito de corrosão:

Corrosão é a deterioração dos materiais, especialmente metálicos, pela ação eletroquímica ou química do meio.


O aço é nos tempos atuais, e foi durante todo o século passado, o principal material e construção industrial. É o material mais utilizado na engenharia, portanto, é de extrema importância o conhecimento dos prejuízos causados com o não tratamento das estruturas e a utilização de revestimentos protetores.



 Através do processo corrosivo, o material metálico passa da forma metálica, energeticamente metaestático, à forma combinada (forma iônica), energeticamente mais estável, resultando em desgaste, perda de propriedades, alterações estruturais, etc.
As reações de Corrosão são espontâneas, pois correspondem ao processo inverso ao da metalurgia, onde adiciona-se energia ao processo para obtenção do metal, e na corrosão observa-se a volta do metal à forma combinada, com a conseqüente liberação de energia.
A falta de combate à corrosão e a falta de manutenção das estruturas metálicas presentes no nosso dia-a-dia pode nos trazer grandes problemas e causar enormes prejuízos às empresas.

Deve ser feito uma conscientização da importância do combate à corrosão, pois vem gerando grande prejuízo devido á perda dos materiais de aço e o gasto com material para reposição, acidentes em pontes, postes, estruturas em geral devido à falta de manutenção periódica dos mesmos. As vezes é feito uma construção muito bem feita, bem detalhada, mas sem um sistema para proteção das estruturas e, muito precocemente, as estruturas vem a entrar em corrosão, acarretando em uma parada não planejada para reposição e etc.

Importância do estudo da corrosão:

  • Viabilizar economicamente as instalações industriais construídas com materiais metálicas;
  • Manter a integridade física dos equipamentos e instalações industriais;
  • Garantir a máxima segurança operacional, evitando-se paradas operacionais não programadas e lucros cessantes;
  • Garantir máxima segurança industrial, evitando-se acidentes e problemas de poluição ambiental.


- Natureza dos processos corrosivos

De uma forma geral, os processos corrosivos podem ser classificados em dois grandes grupos, abrangendo quase todos os casos de deterioração por corrosão existentes na natureza.

Estes grupos são:

  • Corrosão eletroquímica;
  • Corrosão química.



Corrosão Eletroquímica

Os processos de corrosão eletroquímica são os mais freqüentes na natureza e se classificam basicamente por:

  • Realizarem-se necessariamente na presença de água líquida;
  • Realizarem-se em temperaturas abaixo do ponto de orvalho, sendo a grande maioria na temperatura ambiente;
  • Realizarem-se devido à formação de pilhas de corrosão.


Corrosão Química

Os processos de corrosão química são por sua vez denominados corrosão ou oxidação em altas temperaturas. Estes processos são menos freqüentes na natureza e surgiram basicamente com a industrialização, envolvendo operações em temperaturas elevadas.

Tais processos corrosivos são caracterizados por:

  • Realizarem-se necessariamente na ausência de água líquida;
  • Realizarem-se, em geral, em temperaturas elevadas, sempre acima do ponto de orvalho;
  • Realizarem-se devido à interação direta entre o metal e o meio corrosivo, não havendo deslocamento de elétrons, como no caso das pilhas de corrosão eletroquímica.






Pilhas de Corrosão Eletroquímica

A corrosão eletroquímica é um processo que se realiza na presença de água líquida, geralmente em temperatura ambiente, devido à formação de uma pilha de corrosão. A pilha de corrosão eletroquímica é constituída de quatro elementos fundamentais:

  1. Área Anódica: Superfície onde se verifica o desgaste (reações de oxidação);

  1. Área Catódica: Superfície protegida onde não há desgaste (reações de redução);

  1. Eletrólito: Solução condutora ou condutor iônico, que envolve simultaneamente as áreas anòdicas e catódicas;

  1. Ligação Elétrica: Entre as áreas anódicas e catódicas.



As pilhas de corrosão eletroquímica são responsáveis pela deterioração do material metálico (nas regiões anódicas). A corrosão é a conseqüência de potenciais de eletrodos diferentes, em dois pontos da superfície metálica, com a conseqüente diferença de potencial entre eles.

Veremos a seguir as principais causas de aparecimento de pilhas de corrosão com as respectivas denominações das pilhas formadas:


-Pilha de Eletrodos Diferentes

Também denominada pilha galvânica, surge sempre que há o contato entre metais ou ligas com potenciais diferentes na presença de um eletrólito.


-Pilha de ação local

Provavelmente, é a pilha mais presente na natureza, aparecendo em um mesmo metal, devido à heterogeneidades diversas, decorrentes de composição química, textura do material, tensões internas, etc.

As causas da formação de uma pilha de ação local são:

  • Inslusões, segregações, bolhas, trincas;
  • Polimento diferencial;
  • Materiais de diferentes épocas de fabricação;
  • Diferença no tamanho e nos contornos de grão;
  • Difeenças de temperatura e iluminação;
  • Tratamentos térmicos difrentes;
  • Estados diferentes de tensões.


-Pilha Ativa-Passiva

Esta pilha ocorre nos materiais formadores de película protetora, materiais capazes de se apassivarem anodicamente, como o alumínio, cromo, aços inoxidáveis, etc. O material cria uma película de produto de corrosão que passiva a superfície, impedindo de iniciar-se a corrosão no material.
Caso esta película seja danificada, seja por ação mecânica e, principalmente pela ação de íons halogenetos (especialmente cloreto), inicia-se o processo de corrosão localizada onde houve esta falha na película passivada do material.


- Pilha de concentração iônica

Esta pilha surge sempre que um material metálico é exposto à concentrações diferentes de seus próprios íons. Esta pilha é muito freqüente na presença de frestas, quando o meio corrosivo é líquido. Neste caso, o interior da fresta recebe pouca movimentação de eletrólito, tendendo a ficar mais concentrado com íons de metal (área catódica), enquanto que a área externa da fresta fica menos concentrada (área anódica), com conseqüente corrosão das bordas da fresta.


-Pilha de aeração diferencial

Esta pilha é formada por concentrações diferentes do eletrodo de oxigênio.
Ocorre quando um mesmo material é submetido à concentrações diferentes de oxigênio. Neste caso, o local onde há menor concentração de oxigênio (pressão parcial de oxigênio), verifica-se o desgaste (área anódica), enquanto onde há maior concentração de oxigênio se torna a área catódica.




Ambientes Corrosivos


Os meios corrosivos no campo da corrosão eletroquímica são responsáveis pelo aparecimento do eletrólito. O eletrólito é uma solução eletricamente condutora constituída de água contendo sais, ácidos ou bases, ou ainda outros líquidos com sais fundidos.
Os principais meios corrosivos e respectivos eletrólitos são:


Atmosfera

O ar contém umidade, sais em suspensão (principalmente na orla marítima), gases industriais 9especialmente gases de enxofre), poeira, etc. o eletrólito constitui-se em água que condensa na superfície metálica, na presença de sais ou gases de enxofres. Outros constituintes, com poeira e poluentes aceleram os processos corrosivos.


Solos

Os solos contêm umidade e sais minerais. Alguns solos apresentam também características ácidas ou básicas. O eletrólito constitui-se principalmente da água com sais dissolvidos.


Águas Naturais

Estas águas podem conter sais minerais, eventualmente ácidos ou bases, resíduos industriais, poluentes diversos e gases dissolvidos. O eletrólito é constituído da água com sais dissolvidos.


Águas do mar

Estas águas contêm uma grande quantidade de sais, sendo desta forma um eletrólito de excelência.


Produtos Químicos

Os produtos químicos, desde que em contato com água ou com umidade e sendo ionizáveis, formam um eletrólito, podendo provocar corrosão eletroquímica





Práticas de Projeto

São práticas reconhecidas como eficazes na proteção anticorrosivas de equipamentos e instalações industriais.
Essas práticas visam evitar o aparecimento de pilhas de corrosão. Dentre esses métodos estão incluídos:

  • Evitar contato de metais dissimilares;
  • Evitar frestas;
  • Evitar grande relação entre área catódica e área anódica;
  • Prever sobreespessura de corrosão;
  • Evitar cantos vivos;
  • Prever fácil acesso para manutenção às áreas suscetíveis à corrosão;
  • Prever soldas bem acabadas;
  • Evitar mudanças bruscas de direção de escoamento de fluidos contendo sólidos em suspensão;
  • Prever drenagem de águas pluviais;
  • Evitar regiões em contato entre si (apoiadas), onde não haja estanqueidade e acesso para pintura.


Modificações do Meio Corrosivo


São métodos que visam modificar a agressividade do meio corrosivo através da mudança nas suas características físicas ou químicas, ou através da adição ao meio ambiente de determinados compostos.
Destes métodos destacam-se:

  • Diminuição de temperatura;
  • Diminuição da velocidade do eletrólito;
  • Controle do pH;
  • Diminuição de umidade;
  • Emprego de inibidores de corrosão.










Bibliografia: livro “Pintura Industrial na Proteção Anticorrosiva – 3ª Edição”, por laerce de Paula Nunes e Alfredo Carlos O. Lobo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

APOSTILA PARA TREINAMENTO DE PINTORES


Segue abaixo uma apostila para treinamento de pintores elaborada por mim. Ela aborda alguns temas como porquê não se deve pintar sobre carepa de laminação, constituintes das tintas, a importância da pintura industrial e uma descrição breve de algumas falhas/defeitos encontrados em uma película de tinta.




“Na especificação de um esquema de pintura procura-se indicar tintas de alto padrão técnico, preparo adequado de superfície e condições de aplicação para se conseguir bom desempenho do esquema de pintura e conseqüentemente adequado tempo de vida útil das estruturas ou equipamentos. Entretanto por ocasião do esquema de pintura se não houver qualificação do pintor, todos os gastos na elaboração da especificação e na aquisição dos materiais podem ser perdidos pelo fato desses profissionais não terem os conhecimentos teóricos básicos para que, somados à capacitação prática, permitam atingir os objetivos da PINTURA INDUSTRIAL.”



O aço é o principal material utilizado pela engenharia na construção de equipamentos e instalações. E devido sua baixa resistência à corrosão, a PINTURA INDUSTRIAL tornou-se o principal meio de proteção anticorrosiva da era moderna.
A aplicação de PINTURA INDUSTRIAL consiste na interposição de uma película, em geral orgânica, entre o meio corrosivo e o material metálico que se deseja proteger. Estes revestimentos são aplicados por forma de TINTAS.


Para que serve a Pintura Industrial?

A Pintura Industrial tem uma série de utilidades, tais como: Identificação de fluidos em tanques, reservatórios, tubulações, etc., maior ou menos absorção de calor, finalidade estética, sinalização de estruturas e/ou equipamentos e para TRATAMENTO ANTICORROSIVO.


Mas, o que é CORROSÃO?

Corrosão é a deterioração de um material, especialmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio, e deve ser combatido, pois com a corrosão, há uma perda de matéria (aço), o que implica na confiabilidade operacional do equipamento. O metal se desfaz gradativamente, causando a perda total do equipamento. E no nosso caso, minimizamos esse processo corrosivo por meio de aplicação de tintas, que formam uma proteção por barreira impedindo a passagem das intempéries ao aço.



Vocês pintores, sabem o que é tinta?

Tinta são substâncias químicas em forma líquida, pastosa ou em pó, que após aplicação e cura, forma um filme seco, duro e obliterante. Seus constituintes são:

·        RESINA: É o constituinte ligante ou aglomerante das partículas de pigmento e o responsável pela continuidade e formação da película;

·        PÍGMENTOS: São partículas sólidas finamente divididas que são utilizados para se obter uma séria de propriedades, como propriedades anticorrosivas, propriedades estéticas/decorativas e impermeabilização;

·        SOLVENTES: São substâncias puras utilizadas tanto para auxiliar na fabricação das tinas, na solubilização de resinas e no controle da viscosidade, facilitando a aplicação;

·        ADITIVOS: São substâncias adicionadas em pequenas quantidades às tintas para conferir propriedades especificas a mesma.


Para fins de proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de equipamentos, um esquema de pintura é composto, na maioria dos casos, por três tipos de tinta: Tinta de fundo (primer), Tinta intermediária e Tinta de acabamento.


·        TINTA DE FUNDO (PRIMER): São aquelas que são aplicadas diretamente ao substrato, portanto, é a tinta responsável pela aderência do esquema de pintura ao substrato a se proteger e são as que contêm na composição os pigmentos ditos anticorrosivos;

·        TINTA INTERMEDIÁRIA: São tintas normalmente utilizadas nos esquemas de pintura com a função de aumentar a espessura do revestimento, com o objetivo de aumentar a proteção por barreira do mesmo.  Algumas tintas intermediárias são denominadas seladoras, que são utilizadas para selar uma película muito porosa, antes da aplicação da tinta de acabamento, que é o caso de tintas de fundo à base de etil silicato de zinco (N-1661) que é usado a tinta epóxi óxido de ferro (N-1202);

·        TINTA DE ACABAMENTO: São as tintas que têm a função de conferir a resistência química ao revestimento, pois são elas que estão em contato direto com o meio corrosivo, possuem na maioria dos casos boa resistência à raios ultravioletas e são as tintas que conferem a cor final dos revestimentos por pintura.




MISTURA, DILUIÇÃO E HOMOGENEIZAÇÃO DAS TINTAS

Antes e durante a aplicação, toda tinta deve ser homogeneizada para manter o pigmento em suspensão. Para tintas de dois ou mais componentes, deve ser feito a homogeneização de cada componente separadamente antes da mistura dos mesmos e após a mistura, a aparência deve ser uniforme, não devendo apresentar veios ou faixas de cores diferentes.
A mistura, homogeneização e diluição só devem ser feitas por ocasião da aplicação
A e homogeneização devem ser feitas por meio de um misturador mecânico ou pneumático, admitindo-se a mistura manual para recipientes com capacidade de até 18l, sendo que as tintas pigmentadas com alumínio, exceto da norma PETROBRAS N-2231, devem ser misturadas manualmente. Em caso de tintas ricas em zinco, a mistura deve ser sempre mecânica, mesmo para recipientes com capacidade inferior a 18l.
A diluição só deve ser feita quando há real necessidade para a aplicação das tintas e o diluente/redutor a ser usado deve ser o especificado pelo fabricante da tinta, e não ultrapassando o percentual máximo de diluição especificado do mesmo.
É de EXTREMA importância respeitar a proporção de mistura das tintas de mais de um componente, indicados no rótulo do recipiente. Deve também ser respeitado, para tintas de 2 ou mais componentes, o tempo de indução e o tempo de vida útil da mistura (pot-life).



A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DA SUPERFÍCIE

Quanto mais limpa e isenta de contaminantes como tintas velhas mal aderidas, óleos, graxas, carepa de laminação, sais e CORROSÃO, melhor será o desempenho do esquema de pintura e a aderência do esquema ao substrato. Portanto, não ignorem o fato de não poder colocar a mão em peças jateadas ou tratadas, pois nossa mão contém sal e é oleosa, o que pode condenar e fatalmente prejudicar o bom desempenho da pintura.


Porque não se pode pintar sobre carepa de laminação?

Algumas peças novas parecem já estarem pintadas, pois sua superfície apresenta uma camada muito dura, uniforme e aderente ao substrato, ou até mesmo por não apresentar inicialmente uma aparência ruim, muitas pessoas pensam que podem pintar sobre a carepa de laminação. Mas NÃO deve!
Com o passar do tempo e a exposição do material às intempéries, devido ao coeficiente de dilatação da carepa de laminação ser diferente do coeficiente de dilatação do aço, há o desprendimento dessa camada rígida e conseqüentemente o encontro do meio corrosivo com o aço, o que ocasiona na Oxidação do aço, e o desplacamento da carepa de laminação, e, se pintado, da tinta.



CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

Alguns fatores climáticos devem ser respeitados quando falamos em PINTURA INDUSTRIAL, pois “passar por cima” de algum desses fatores pode fatalmente condenar a integridade da película.

Os serviços de pintura devem ser realizados dentro das seguintes condições:

  •     A umidade relativa do ar (U.R.A) máxima deve ser de no máximo 85%;
  •        A temperatura máxima da superfície deve ser de no máximo de 52ºC, exceto para as tintas de fundo ricas em zinco à base de silicatos que, neste caso, é de 40ºC;
  •         A temperatura mínima da superfície deve ser de no mínimo 3ºC acima do ponto de orvalho (P.O);
  •         A temperatura ambiente deve ser de no mínimo 5ºC.
  •     Recentemente, com a nova revisão da N-13, tintas a base de etil silicato de zinco somente devem ser aplicadas com URA acima de 60% (e até 85%, claro).





PELÍCULA

Cada demão de tinta deve estar isenta (durante e após exposição) de falhas e defeitos, como:

·        ESCORRIMENTO: Defeito ocorrido durante a aplicação da pintura em formas de ondas ou gotas. Suas principais causas são: aplicação excessiva de tinta, diluição excessiva de tinta e erro na proporção de mistura de tintas com mais de 1 componente;

·        EMPOLAMENTO: Também chamado de “bolhas”, é um defeito estrutural da película, caracterizado pelo aparecimento de saliências que variam de tamanho e intensidade. Suas principais causas são: Formação gasosa cuja origem, geralmente, se deve a retenção de solvente, motivado por não respeitar o intervalo mínimo para repintura e poliuretanos quando aplicados sob condições de alta umidade ou contaminados com água, tendem a apresentar esse defeito;

·        ENRUGAMENTO: Defeito que torna a pintura semelhante à superfície de um papelão ondulado e/ou conrrugado e é típico das tintas alquídicas ou óleo-resinosas. Suas principais causas são: Ocorre quando não se respeita os intervalos para repintura, a ação do solvente da demão anterior e ocorre quando tinta aplicada com espessura excessiva; surgindo após secagem/cura;

·        FENDIMENTO: Pintura com rachaduras/trincas que podem chegar até o substrato. Ocorre quando se movimenta muito uma superfície (entorta), e é uma característica das tintas ricas em zinco à base de silicatos quando aplicadas em espessura excessiva;

·        CRATÉRAS: Também chamado de “olho de peixe”, é um defeito na película seca, caracterizado por uma depressão arredondada sobre a superfície pintada. Ocorre devido à contaminação do substrato com água, óleos, graxa, etc., e quando há retenção de gases na película anterior;

·        IMPREGNAÇÃO DE ABRASIVO E/OU MATERIAIS ESTRANHOS: Nada mais é de que a Inclusão de pêlos, fiapos, sujeira na película da tinta, devido a contaminantes que não foram removidos da película antes da aplicação de tinta, tais contaminantes podem vir do ar e o material para aplicação pode estar sujo ou contaminado;

·        DESCASCAMENTO: Defeito causado pela perda de aderência da película seca, espontânea ou provocadamente. Ocorre pela Contaminação da superfície principalmente por óleo, sal, graxa, água, umidade, etc., devido a tintas incompatíveis, superfícies de difícil aderência (lisas, com pouca rugosidade) ou pela falta de um primer de aderência, por condensação no substrato ou aplicação de tinta sobre superfície não tratada;

·        ENFERRUJAMENTO: É a degradação da película em relação ao meio, com visível deterioração do substrato. Ocorre quando há defeitos visíveis na película da tinta, causados ou não por danos mecânicos e pela deposição de espessura insuficiente ao substrato, pois a película da tinta não é capaz de cobrir os picos e os vales, deixando o aço em contato direto com o meio corrosivo, causando a Ferrugem, que é o produto de corrosão;

·        PULVERIZAÇÃO SECA (OVERSPRAY): Defeito estrutural da película decorrente da pulverização deficiente, de modo que as partículas não se aglutinem, resultando espaços intersticiais ou poros na película, com penetração dos agentes corrosivos. O filme seco fica poroso, assim como uma lixa fina, mas ao passar dos dedos não sai pó. Ocorre principalmente por realização da aplicação em tempo com muito vento, em aplicação de tintas em superfícies muito elevadas e pela distância incorreta da pistola em relação ao substrato.

·        AMPOAMENTO/GIZAMENTO: Não confundir com defeito, é apenas uma falha  característica das tintas de resinas epóxi quando expostas ao sol, onde a película perde seu brilho e solta um pó esbranquiçado que sai ao passar dos dedos.





PRINCIPAIS NORMAS DE TINTAS:

  • N-1202: TINTA EPÓXI ÓXIDO DE FERRO

Tinta de fundo utilizada por diversos esquemas de pintura e dentro do campo da PETROBRAS, esta tinta é utilizada com a função de tinta intermediária seladora (ou tie-coat) em esquemas de pintura com tintas de fundo ricas em zinco à base de silicatos (ex.: N-1661) e tem a função de evitar a formação de bolhas na aplicação da tinta de acabamento.

  • N-1259: TINTA DE ALUMÍNIO FENÓLICA

Tinta de acabamento muito utilizada em esquemas que vão ser expostos em diversos tipos de ambientes, exceto em condições de imersão e em meios ácidos e alcalinos fortes. Deve se tomar muito cuidado o intervalo de pintura e a aplicação, do contrário pode causar o ENRUGAMENTO;
A mistura e homogeneização deve ser sempre feito manualmente e após mistura da resina oleosa (componente A) e a pasta de alumínio (componente B), a tinta pode ser guardada e reaproveitada, porém apresentará um aspecto com menos brilho.

  • N-1277: TINTA DE FUNDO EPÓXI PÓ DE ZINDO AMIDA CURADA

A tinta de fundo epóxi rica em zinco é bastante usada em retoques para esquemas de pintura cuja tinta de fundo é rica em zinco à base de silicatos, porém só até 120ºC de temperatura de operação.

  • N-1661: TINTA DE ZINCO-ETIL SILICATO

Tinta de fundo rica em zinco com alto teor de zinco na composição. Sua cura não é afetada se após aplicação, a U.R.A atingir ou superar 85%. O controle de espessura deve ser muito rígido, pois em espessura excessiva pode ocasionar o FENDIMENTO. Requer o máximo de limpeza possível da superfície. A mistura, homogeneização e a aplicação deve ser feito com uso de um agitador mecânico/pneumático afim de manter o pó de zinco em suspensão.

  • N-2198: TINTA DE ADERÊNCIA EPÓXI-ISOCIANATO ÓXIDO DE FERRO

Tinta condicionadora de aderência para aplicação de esquemas de pintura em aço galvanizado e alumínio.

  • N-2231: TINTA DE ETIL SILICATO DE ZINDO-ALIMÍNIO

Tinta utilizada para proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de equipamentos sujeitos a altas temperaturas (até 500ºC). É utilizada em revestimento único (uma demão apenas). Requer o máximo de limpeza possível da superfície. A mistura, homogeneização e a aplicação deve ser feito com uso de um agitador mecânico/pneumático afim de manter o pó de zinco em suspensão.

  • N-2288: TINTA DE FUNDO EPÓXI PIGMENTADA COM ALUMÍNIO

É utilizada, principalmente, em esquemas de pintura para proteção de superfícies ferrosas, preparadas por meio de ferramentas mecânicas e é uma alternativa de revestimento para os casos que não se é possível realizar tratamentos com Jateamento abrasivo, são denominadas tinas “surface tolerant”.

  • N-2492: ESMALTE SINTÉTICO BRILHANTE

Tinta de acabamento alquídica brilhante utilizada em esquemas de pintura para atmosferas de baixa a média agressividade. Não necessita de lixamento após passado o intervalo máximo para repintura, apenas um “trapeamento” com solvente da própria tinta pois apresentam boa aderência entre demãos. Não tem resistência química.

  • N-2628: TINTA EPÓXI-POLIAMIDA DE ALTA ESPESSURA

Tinta de alto teor de sólidos. É utilizada como tinta intermediária para encorpar a película ou em alguns casos tintas de acabamento.

  • N-2629: TINTA DE ACABAMENTO EPÓXI SEM SOLVENTE

Tinta de alto teor de sólidos. É indicada, principalmente, para pintura interna de tanques de produtos claros.

  • N-2630: TINTA EPÓXI-FOSFATO DE ZINDO DE ALTA ESPESSURA

Tinta com alto teor de sólidos. Tinta de fundo sobre a qual se pode aplicar uma série de tintas de acabamento. Contém a presença de um pigmento anticorrosico atóxico chamado fosfato de zinco. São fornecidas nas cores branco, vermelho óxido e cinza.

  • N-2677: TINTA DE POLIURETANO ACRÍLICO

Tinta de acabamento fornecida em dois componentes. Apresentam boa resistência à radiação solar e boa  retenção de cor e brilho.

  • N-2678: TINTA EPÓXI POLIAMIDA PIGMENTADA COM ALUMÍNIO

Mesma função e características da norma N-2288, porém com agente de cura poliamina.

  • N-2680: TINTA EPÓXI, SEM SOLVENTES, TOLERANTE A SUPERFÍCCIES MOLHADAS

Tintas de fundo/acabamento aplicável a superfícies de aço-carbono secas, com umidade residual ou molhadas, portanto as restrições de ponto de orvalho e umidade relativa do ar não são aplicáveis. É isenta de solvente, tem 100% de sólidos.









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